Como o próprio nome já diz, trata-se de uma patologia da personalidade. E você sabe o que é personalidade? É o conjunto de características psicológicas que determinam os padrões de pensar, sentir e agir de uma pessoa. Sua formação é um processo gradual, complexo e único a cada indivíduo, portanto, não podemos dizer a idade exata de quando uma personalidade está formada, mas sabe-se que a infância é um período crucial para a sua formação.
Chama-se de Transtorno da Personalidade quando o padrão de comportamento e a experiência interna de cada indivíduo se desvia acentuadamente das expectativas da cultura desse sujeito, de maneira inflexível e difusa, acarretando prejuízos e sofrimentos na vida social, amorosa, familiar e laboral da pessoa.
Aqui, abordarei um pouco o Transtorno de Personalidade Borderline, que se caracteriza por um padrão de instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem, dos afetos e de impulsividade acentuada, que surge no começo da vida adulta. São pessoas que evitam a todo custo um abandono real ou imaginário, podendo chegar ao extremo da impulsividade, a automutilações (como por exemplo e mais frequentemente é visto, cortes na região dos pulsos ou até uma tentativa de suicídio). Também são pessoas que oscilam drasticamente de humor, por serem pouco tolerantes à frustração, e são extremamente intensas no campo do amor e amizades, podendo variar desde uma idealização do parceiro ou da amiga, até a completa desvalorização ou inimizade, caso uma necessidade não seja atendida, por exemplo.
Tal mudança de humor faz também com que a paciente alterne sua autoimagem, autoestima, metas de carreira, amigos etc. Sua identidade não é algo muito constante, podendo variar de acordo com o grupo de amizades na qual está inserida.
As pessoas com esse transtorno mostram-se ainda muito impulsivas em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas. Podem apostar, gastar dinheiro de forma irresponsável, comer compulsivamente, abusar de substâncias, envolver-se em sexo desprotegido ou dirigir de forma imprudente.
Em geral, apresentam comportamento e recorrência de gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento de automutilação. O suicídio ocorre em 8 a 10% destes pacientes, sendo que atos de automutilação, como por exemplo cortes ou queimaduras e ameaças e tentativas de suicídio são muito comuns.
Segundo o DSM -5, que é o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, para fazermos o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline necessitamos de alguns critérios.
Um padrão difuso de instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem e dos afetos e de impulsividade acentuada que surgem no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:
- Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado.
- Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização.
- Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si mesmo.
- Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (p. ex., gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão alimentar).
- Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante.
- Instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade de humor (p. ex., disforia episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa, com duração geralmente de poucas horas e apenas raramente de mais de alguns dias).
- Sentimentos crônicos de vazio.
- Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la (p. ex., mostras frequentes de irritação, raiva constante, brigas físicas recorrentes).
- Ideação paranoide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos.
Se você se identificou com alguns desses critérios e acha que tem prejuízo em sua vida devido a eles, não deixe de procurar ajuda!
Medicação e uma boa terapia podem salvar vidas!