O TDAH, sigla para Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, é uma patologia do neurodesenvolvimento e, portanto, seus sintomas são geralmente vistos na infância. Ele é caracterizado por desatenção, atividade motora excessiva e impulsividade, inadequados à etapa do desenvolvimento e presente em pelo menos dois ambientes distintos, ou seja, a criança não pode ser só desatenta na escola, por exemplo. Para fecharmos o diagnóstico, esta queixa também deve estar presente em pelo menos mais um ambiente. Segundo o DSM-5, os sintomas devem surgir antes dos 12 anos de idade e, muitas vezes, acompanham esses pacientes até a vida adulta, sendo encontrado em 2,5 a 5 % da população nesta faixa etária. É uma patologia do córtex pré-frontal, gânglios da base e cerebelo.
As crianças com o TDAH são agitadas, hiperativas, desajeitadas, ficam “a mil por hora” e, na hora de dormir, parece que “desligam a bateria” repentinamente. Algumas parecem possuir uma certa resistência a dor (a mãe nota que os beliscões não têm muito efeito nelas), não prestam atenção, são muito conversadeiras, esquecem e perdem objetos, não terminam o que começam, não se integram nas brincadeiras infantis, não seguem regras, entre outras queixas.
Já os adultos com TDAH nem sempre são agitados, mas têm grandes dificuldades com a atenção (principalmente no que diz respeito a atividades pelas quais não têm muita ligação afetiva), com a falta de planejamento e organização (incluindo a desorganização com o tempo) e com o controle de impulso. São proteladores e procrastinadores por excelência, demoram a começar alguma coisa e quando começam não terminam. Ao longo do tempo, podem ir perdendo a motivação e, principalmente, vão criando uma falsa crença de não serem capazes de terminar nada o que começam, minando sua autoestima, sentindo-se fracassados e pouco inteligentes. Muitos chegam ao consultório com quadros de depressão e ansiedade, por consequência de seus sintomas de TDAH.
A desatenção manifesta-se no TDAH como uma divagação em tarefas, falta de persistência, dificuldade de manter o foco e desorganização, mas não constitui consequência de desafio ou falta de compreensão. A hiperatividade refere-se a atividade motora excessiva quando não apropriado ou mesmo remexer, batucar ou conversar em excesso.
Já a hiperatividade pode se manifestar como inquietude extrema ou extenuação dos outros com essa hiperatividade. E a impulsividade refere-se a ações precipitadas que ocorrem sem premeditação e com elevado potencial para dano à pessoa, como por exemplo atravessar uma rua sem olhar ou até uma perda do controle financeiro, devido a compras por impulso. A impulsividade pode ser reflexo de um desejo de recompensas imediatas ou incapacidade de postergar a gratificação ou prazer, bem como reflexos de grande ansiedade.
O diagnóstico do TDAH no adulto é desafiador, na medida em que os adultos já adquiriram algumas estratégias comportamentais para tentar driblar seus sintomas e, para piorar a situação, alguns desses sintomas confundem-se com ansiedade extrema, sendo fundamental o diagnóstico diferencial com essa patologia.